2 de dezembro de 2012

MOAIs (1)






Foge gato,

Foge Silvestre,

Foge pedestre que te fazem mestre!

Mas para onde?

Que no ato me fazem rato,

Ou bisonde, no formigueiro, cabeçudo e rasteiro.

(jcc)


[Mudem de rumo,

Mudem de rumo

Já lá vem outro carreiro ]

(Zeca Afonso / A formiga no carreiro)

9 de abril de 2011

REMEXER NAS CINZAS, ATIÇAR O FOGO (II)




2010: Parte segunda 


Torres Vedras 2011, a Herança

A Terceira Cama poderia ser título para um thriller. Mas a adenda da FPX à obra “Regulamento dos Campeonatos Nacionais de Jovens e de Veteranos – 2011” faz mais género romântico, a roçar o bucólico. 

Esta curta-metragem dos estúdios da Francisco Foreiro avisa desde logo os incautos (poder) “levar a interpretações diversas”, preambula por quartos, camas, acompanhantes e crianças e desagua em piscinas e taxa para toalhas.  

Para quem deseje desintoxicar-se da modalidade são sugeridas Clínicas de Golfe, a 7,20 euros hora e para quem queira polir as hemorróidas, saltando das salas às selas, há passeios a Cavalo a 25 euros hora ou Picadeiro a 18. Para os mais exigentes é sugerida uma SPA Experience (Massagens e tratamentos, Sauna e Banho Turco) em condições especiais. 

Como neste “folheto” não se fala explicitamente de xadrez está desculpada a inexistência de psiquiatras e psicanalistas (o divã dá jeito) na oferta hoteleira. 

Há sim um parágrafo em que a organização ameaça “realizar algumas acções ligadas à modalidade” extensivas aos acompanhantes que serão oportunamente divulgadas. Não sendo (porventura) uma sessão de bingo, um quiz ou uma batida aos gambozinos, será que se trata de relançamentos promocionais de papel por reciclar?

Se há um contingente de “atletas” até aos 20 anos e outro a partir dos 60 (ou 50 no feminino; porquê?), o “público alvo” situar-se-á neste intervalo dos 35 ala arriba. Supondo é claro que os presumíveis xadrezistas só terão para lazer uma manhã e quatro noites. E que vão até lá para jogar xadrez.

Se lhes apetecer passar algum tempo na sala de torneio a organização oferece-lhes duas jornadas com sessões duplas (manhãs e tardes de Segunda e Quarta-Feira), outra na tarde do dia de chegada (Domingo) e outra na manhã do dia de encerramento (Quinta-Feira). Tudo aponta, portanto, para que os sibaritas já tenham esgotado as reservas de golfe e hipismo para a manhã de Terça-Feira, dia em que os jogos só se efectuam da parte da tarde.

Pode, também, entreter-se com o charadismo. Analisando as redundâncias salpicadas pelo escriba no regulamento da prova. Por exemplo: no ponto 4.4 lê-se: “Uma vez terminada a partida, os jogadores têm de abandonar a zona de jogo, e passam a funcionar como público”; e em 8.7 insiste-se: “Quando um jogador termine a sua partida e após concluídos os procedimentos regulamentares de apresentação de resultados é obrigado a abandonar de imediato a zona de jogo, passando a ser considerado como parte do público”. Deve ser para os mais distraídos. E se calhar até distribuem bandeirinhas para as claques… Mas não é exactamente assim, pois um pouco antes, está 8.3 “Um jogador não pode abandonar em caso algum a zona de jogo sem consultar a equipa de arbitragem sobre a sua apresentação ao controlo antidopagem”. Seguindo-se um rol de ameaças. E lá está, para os duros de ouvido, com honras de parágrafo próprio o 12, repete-se a ladnha: “Em cada um dos dias de jogo, todos os participantes deverão, no final da sua partida e antes de abandonarem a sala de jogo, consultar a Equipa de Arbitragem sobre a sua apresentação ao controlo antidopagem” rematada com novas pragas. 

Mas deixemos as chachadas e vamos às questões de fundo. Que a FPX considere que os jovens com que conta praticam um xadrez, digamos, superficial, marcando sessões para as 10 horas e outra para as 16.30, com o almoço pelo meio é lá com eles. Reflexos rápidos, jogos apressados ou curtos e dispensa de preparação, pode aceitar-se nas camadas mais jovens, embora com protestos de alguns mestres, mas definitivamente não nas outras.


Títulos tóxicos

Acho muito bem que se organizem torneios abertos a par com os campeonatos nacionais para jovens. Isso ajuda a distrair os papás e os avozinhos das mesas dos miúdos, evitando pressões e macacadas, que por vezes se dão, por cruzamento de olhares e linguagem gestual indevida “incentivando” (que indicar é feio) os petizes a executar planos e lances “óbvios” no entender dos seus treinadores de bancada. 

Estes torneios paralelos, com algumas jornadas com sessões duplas, foram um êxito nos já “longínquos” campeonatos por equipas que se disputaram em Évora. E outros opens do género que, felizmente, continuam a ser organizados pelo país fora, preenchendo fins-de-semana de xadrez e turismo (ou pelo menos de mudança-de-ares). Mas são o que são: para descontrair; e não devem ter outras pretensões.

Agora o que é francamente negativo é que uma prova assim sirva para nacional de veteranos. Nem para campeonato de veteranos nem para nacional de juniores (sub-20). Estes dois escalões têm outros pergaminhos. E é de supor um nível de jogo de maturidade muito superior aos de faixas etárias inferiores. A FIDE promove-os independentemente e separa-os do bloco dos restantes festivais para jovens. A FPX também fazia isso. Tratava-os com respeito: uma sessão por dia. 

Ao compactar estas provas, nos últimos quatro anos, a explicação mais à mão é a económica. Com os mesmos árbitros (ou quase) e as mesmas chatices de organização, despacha-se tudo em cinco dias. Com uma só paulada, marcham três coelhos… Mas isto é lesa modalidade.


Navegar é preciso

A função básica da FPX é coordenar e fomentar o xadrez. O resto vem por acréscimo: representatividade interna e externa, regulação da actividade, atestar a força dos praticantes (por elos e títulos) e pretender ser intermediária idónea entre patrocinadores (públicos ou privados) e os seus associados. E por aí fora.

O fomento do xadrez carece essencialmente de divulgação e do seu braço armado: a propaganda. Não é eficaz pregar as regras e virtudes do jogo sem um sermão prévio para aragem do terreno. As notícias que relatam as peripécias dos torneios, acompanhados pelos meios de comunicação social (agências, tv, rádio e jornais), sempre foram a varinha de condão com que se despertava o interesse pela modalidade junto do “grande público” (passe a expressão). Logo quanto mais vezes se justifique noticiar xadrez a mais “alvos” ele chega.  

Ao empastelar tudo a FPX está a reduzir a um terço (ou menos) a campanha “publicitária” que aquele conjunto heterogéneo de provas poderia proporcionar. Para além de outros erros de foro jornalístico (onde a identificação, proximidade e individualização contam) que se reflectem na balança para o alheamento dos eventos. E ainda se queixam…

E depois há este púlpito demoníaco que é a internet. Que possibilita que as partidas de xadrez possam ser seguidas lance por lance, em tempo real, praticamente sem custos, adquirido o material. E a FPX que dispõe de tecnologia para acompanhar umas duas dezenas (creio) de partidas em simultâneo dá-se ao luxo de demasiadas vezes falhar as transmissões e não investir em soluções (humanas e materiais) que a possam blindar de percalços que desmotivam os adeptos. 

E o que mais custa é ainda a olímpica passividade dos “operadores” em transcreverem as partidas, transmitidas ao vivo ou não, para uma linguagem (pgn) e ficheiros que dêem para as abrir e estudar em programas da especialidade. A utilização desses motores de análise, que qualquer praticante deve ter, pode ser a diferença em perceber ou não a qualidade do jogo e aprender sempre qualquer coisa com eles. Pois essa transcrição que nalguns casos (dos tabuleiros ao vivo) é quase automática chega, quando chega, a demorar dias. Como sou do tempo em que nos principais torneios as partidas de uma jornada eram sempre entregues em boletins (papel!) antes do início da seguinte, passadas à mão ou à máquina, custa—me compreender a preguiça do progresso. 


Cabecinhas pensadoras

E ainda há casos verdadeiramente insólitos. No Nacional Feminino de 2010 disputado em Espinho as partidas não só não foram transmitidas nem publicadas em pgn por… alguém ter considerado ser fraco o nível técnico dos jogos! Esquecem-se que esses registos fazem parte do enredo histórico das competições e são tão ou mais valiosos do que os resultados.  

E acontece que o xadrez nacional feminino em 2010 deu melhores provas do que o masculino nas olimpíadas siberianas. Catarina Leite, no primeiro tabuleiro do campeonato feminino, em Khanty-Mansiysk, apenas perdeu 0,6 pontos-elo, menos do que qualquer um dos cinco elementos da formação masculina (nos absolutos). E foi a única com actuação ligeiramente abaixo das expectativas. Margarida Coimbra (+ 14,9), Ariana Pintor (+ 8,6), Ana Ferreira (+8,4) e Sara Monteiro (+7,7) superaram os resultados. De resto, as classificações colectivas, pouco significativas e não comparáveis foram, ainda assim, lisonjeiras para estas (66º lugar em 115 em contraste com a 75ª posição em 149 da selecção principal). 

Dos progressos das nossas xadrezistas posso até dar testemunho. No Nacional por Equipas realizado em Vila Nova de Gaia (na minha mais desastrada actuação de sempre a vários níveis) os meus resultados ainda poderiam ter sido mais miseráveis se não tivesse pontuado por inteiro com Ana Meireles e Sofia Henriques. Mas deve ter sido por caridade. Com Ana Meireles (16 anos) tinha peão a menos e posição estrangulada sem esperanças quando (lance 29) se deixou perder por tempo. Já com Sofia Henriques, jogando com enorme prudência, forcei simplificações (lance 25) para um final de damas calculando mal que a minha experiente adversária o poderia ter convertido num simples final de reis (29. Dd6+) completamente empatado… 


Os pagantes do costume
   
Em 2007 o Nacional de Veteranos, digno desse nome, foi disputado em Lisboa (Biblioteca Museu da Resistência) e foi ganho por Carlos Correia Lopes. Não houve mais que uma sessão por dia e as jornadas decorreram sempre à mesma hora da parte da tarde. No ano anterior, na Cruz Quebrada (Centro de Estágio) tinha havido um dia com duas sessões e dois dias disparatados com jogos marcados para as 09.00h da manhã. Não há elenco federativo que não goste de tratar os veteranos como cobaias para testes. Afinal também é raro haver um executivo que ultrapasse a fase experimental.

A partir daí o circo do nacional de veteranos entrou em digressão pelo país (pelos campos de concentração dos jogos juvenis): Figueira da Foz (2008), Portimão (2009) e Torres Vedras (2010 e 2011). À custa de quem? Vejamos alguns números:

2005 Lisboa (G.X.Alekhine), 16 de 17 concorrentes foram da zona de Lisboa (94,1%);

2006 Cruz Quebrada, com 16 de 22 concorrentes da zona de Lisboa (72,72%);

2007 Lisboa (M. Resistência), 26 em 33 jogadores de clubes de Lisboa (78,78%);

2008 Figueira da Foz, com 12 em 18 participantes oriundos de Lisboa (66,6%);

2009 Portimão, com 11 em 24 concorrentes de Lisboa (45,8%) a que se juntarem mais seis de Setúbal daria 70,8%;

2010 Torres Vedras, com 22 em 32 elementos de Lisboa (68,7%) com mais quatro de Setúbal (81,25% por junto);

2011 Torres Vedras, previstos 16 em 27 jogadores de Lisboa (59,2%) que somados a mais quatro de Setúbal (totalizarão 74%).

Isto é o contingente de Lisboa é sempre nitidamente maioritário e, nalgumas edições, somados aos representantes de Setúbal (que podem viver muito próximo da capital e atravessar com facilidade o Tejo diariamente) os números tornam-se esmagadores.

Então por que é que os jogadores lisboetas andam a financiar esta prova, com cerca de duas centenas de euros por cabeça (se contar com viagens e alojamento individual condigno) em vez de se subsidiar os escassos jogadores restantes?

Se alguns não se importam de ir “turistar” que o façam, por esses opens e vales, mas tenham o pudor de não chamar a isso campeonatos nacionais e o direito a reclamar uma prova em moldes dignos para o escalão.  

Pelo menos a bem da modalidade. Pois o resto é desolador, pegajoso e rastejante. 

6 de janeiro de 2011

REMEXER NAS CINZAS, ATIÇAR O FOGO



2010: Rescaldo primeiro


No que se refere ao xadrez competitivo em Portugal, a pergunta do ano (para mim) foi a questão levantada por Rúben Elias, no blogue Casa de Xadrez (Agosto, 2010) sobre os custos de participar num torneio oficial.

Rúben Elias que é um xadrezista bastante interventivo, com provas dadas como cineasta experimental da modalidade, referia-se em concreto à Fase Preliminar do Individual Absoluto que se realizou, pela terceira vez consecutiva, num hotel da Amadora.

A prova, disputada durante nove dias, é a semifinal do campeonato nacional e contou com 69 inscritos. Quase metade dos quais (32 salvo engano), vindos de outros distritos, a necessitar de alojamento.

Rúben Elias fez as suas contas. Somou o valor das inscrições à diária proposta pela direcção do torneio, para aquele hotel e acrescentou-lhe o custo das refeições (pagas à parte) de preço bonificado.

Sem contar com as despesas de deslocação, muito variáveis, aquele xadrezista chegou à conclusão de que tudo o resto ficaria por 395 euros para quem dividisse uma habitação, subindo a verba para 575 euros para quem optasse por um quarto individual. E rematou a prosa interrogando-se se era barato ou caro jogar aquela prova, deixando a resposta ao critério de cada um.

O post mereceu alguns comentários, um ou outro mais acalorado, destacando-se o de Fernando Ribeiro (pelos apoios que teve), onde o ex-campeão de Portugal afirmava, p.ex., «(...) que o xadrez nacional já morreu há muitos anos!», desabafos que podem (e devem) ser consultados no blogue Casa do Xadrez.

Abstraindo questões como o da localização e da residencial em si (o problema poderia transpor-se para qualquer outro sítio) da força da prova e das razões para nela se participar, vamos cingirmo-nos ao seguinte: Para quem possa fazer aquela despesa para gastos numa semana com a modalidade e por gosto a essa mesma modalidade o que é que representa a verba de 600 euros?

Biblioteca de mestre-aprendiz

Para explicar como aplicaria 600 euros em coisas de xadrez vou aproveitar um esboço de lista de livros que fiz para uma pessoa amiga (Novembro de 2009) na convicção de que me perdoará a inconfidência, por julgar ser esta ocasião uma justa causa. Assim aconselhei:

1)  Porque sem conhecer a história do xadrez, a evolução das suas ideias e os seus actores principais nunca compreenderá a essência do jogo: a- "Os Meus Grandes Predecessores" de Garry Kasparov (colecção que vai em cinco volumes); b- "La Batalla de Las Ideas En Ajedrez" de Anthony Saidy; c- "Los Grandes Maestros del Tablero" de Ricardo Réti.; d- "O Jogo Imortal" (quase só texto) de David Shenk.

2)  Porque sem colocar os finais como estudo prioritário nunca conseguirá obter técnica de jogo (mesmo para as fases que o antecedem) e para lhe facilitar muito as coisas, neste capítulo, com excelentes cábulas/síntese: a- "Los 100 Finales que hay que saber" (2ª.ed.) de Jesus de la Villa; b- "101 Consejos sobre el final" de Steve Giddins. De resto há um punhado de "obras-primas" (complexas) sobre a matéria.

3)  Porque lhe convém ter uma perspectiva geral sobre os principais temas da partida e pode encontrá-los numa obra amena: "Compendio de ajedrez" de Miograd Todorcevic.

É claro que para tratados gerais mais completos tem autores como Roberto Grau (quatro tomos), Ruben Fine (El Médio Juego), Pachman (Táctica e Estratégia, separados) Euwe (Juízo e Plano), Aaron Nimzowitsch (Mi Sistema /essencial!/ e Prática de Mi Sistema), Mark Dvoretsky (vários) e Artur Yusupov , Kotov (Pense como um grande-mestre) etc. Pequeno mas muito didáctico são os "Fundamentos de Xadrez" de Capablanca e as colecções de partidas analisadas por Alekhine(Mis mejores partidas: I e II), Botvinick (Estratégia I, II, III) e Fischer (64 melhores jogos). Há ainda livros de culto de Bronstein (Ajedrez de Torneo e El Maestro de La Improvisacion), Mikhail Tahl (Prática del Ajedrez Magistral) e de muitas outras grandes personagens do xadrez, desde que sejam, de facto, os verdadeiros autores (e não apenas coordenadores) das obras que assinam.

4)  Porque quererá conhecer os temas de vanguarda (depois de ter entendido os clássicos) e diversos aspectos da luta no tabuleiro (da moderna preparação teórica e técnica à psicológica), ainda de forma clara e amena: a- "Los Secretos de la Estratégia Moderna en Ajedrez" de John Watson (uma critica erudita à obra de Nimzowitsch); b- "Maestria en Ajedrez" de Jacob Aagaard (com algo de critica a Watson...); "Los Siete Pecados Capitales" e "Ajedrez para Cebras" de Jonathan Rowson; e "Lecciones de estratégia en ajedrez" de Valeri Beim.

Ora retirando o prolixo autor Mark Dvorestky (Secretos de Entrenamiento, Secretos de Táctica, Segredos de Juego Posicional, etc.) e o em conjunto com Artur Yusopov (Técnica Para El Jugador de Torneo, e Clases de Ajedrez só de A.Y.) que totalizariam 101 euros; e de Roberto Grau (Tratado General de Ajedrez; obra de quatro tomos que custa 69,25 euros); mais os dois livros de Ludek Pachman (que até há em português) e o de Ruben Fine (El Médio Juego) cujos preços (destes três últimos) nem sequer localizei, ficamos reduzidos a um pacote de 30 livros que não excederiam os 606 euros, a que ainda se poderia vir a abater uns 10% como desconto. Verba que já daria para recuperar os quatro livros de R. Grau (úteis para quem ensine) acima referidos, dentro do orçamento.

Três anos de leitura e amigos para sempre

A uma média (optimista) de estudo/leitura de dez livros por ano ocupam-se mais de 160 semanas de xadrez de qualidade, em contraste com uma semana de (eventual) sofrível jogo a arrastar as peças.

A Semifinal que em tempos até foi uma prova bastante forte (reduzida a três dezenas de participantes, com eliminatórias prévias complicadas, que apurava uns sete jogadores para a Final) agora apenas valia a média de 2110 pontos Elo para os dez primeiros dos inscritos, média que caia para 1864 pontos Elo contabilizando todos os jogadores. Prova modesta, mesmo por parâmetros portugueses. Talvez afectada pelo retrocesso regulamentar, pouco motivador para os mais ambiciosos (e categorizados ausentes), que é o facto dos apuramentos (três primeiros) só se concretizarem para a Final do ano seguinte.

Agora vejamos. O Rúben Elias que era o 46º da lista inicial acabou em 40º lugar. Fez 50% por cento, mas como beneficiou de uma falta de comparência, saiu negativo da competição, com 3,5 pontos em 8 com opositores de 1791 de Elo, 61 pontos abaixo do seu próprio valor. Se não me enganei nas contas, pois não encontrei a classificação final no site da FPX.

Se tivesse que despender aquela verba (hotel, etc.) para a dita Semifinal em vez de adquirir uma razoável biblioteca base teria feito um péssimo negócio. O paladar dos livros de qualidade nunca se esquece, mas das partidas próprias e seus resultados, ao nosso nível, pouco sobra para recordar. E por ali, nem o passeio... Jogar por jogar dispõe da internet domesticada.

Não lhe basta acumular livros em casa? Então promova no seu clube sessões de leitura e debate dos mesmos. Mas a sério. Por poucos que entusiasme no arranque, a coisa alastra. Lembra-se da estória dos grãos de trigo:, 2, 4, 8...? Verá que revoluciona o seu meio escaquístico e, quem sabe?, até poderá vir a ressuscitar (pelo menos em Mangualde) o xadrez nacional.